Nestes 18 anos de emanciapação política de Sertãozinho você não pode ficar por fora da história de nossa cidade. O Cidade Jovem fez uma pesquisa e preparou a seguinte matéria para você. Boa leitura.
SERTÃOZINHO
MINHA TERRA, MINHA HISTÓRIA
Segundo
os historiadores, a região que compreendia a Serra da Raiz é vinculado ao
histórico episódio ocorrido na época da colonização da Paraíba no ano de 1574,
denominada de Tragédia de Tracunhaém. Foi nessa região do município da Serra da
Raiz que o índio Ininguaçu ou Ininguassu, teria arregimentado parte de sua
tribo em busca de sua filha Iratembé, capturada por um mameluco que transitava
na região da Serra da Copaoba. Os índios que eram da nação indígena dos
potiguaras foram em direção ao engenho Tracunhaém do proprietário Diogo Dias,
na região que atualmente compreende a cidade pernambucana Goiânia, e lá teria
ocorrido um grande massacre contra os moradores que viviam no engenho. Porém,
logo após essa tragédia os colonizadores portugueses junto aos índios Tabajaras
revidaram atacando assim os índios do então aldeamento da Copaoba, região que
hoje compreende os municípios de Serra da Raiz, Belém, Caiçara, Duas Estradas e
Sertãozinho. Esse massacre levou a morte de cerca de 20 mil índios. Para os
historiadores a morte destes índios tem mais relação com a epidemia da varíola
contraída dos brancos colonizadores que estavam no bando e os índios tinham o
hábito de matar e cortar a cabeça das vítimas, por isso contaminava-se e por
não ter defesa orgânica da doença, acabavam morrendo também. Logo o resultado
da vitória dos colonizadores não foi somente pela luta sangrenta, mas pela
morte de milhares de índios contaminados pela bexiga. Uma dessas batalhas
aconteceu no Sítio Lagoa da Mata, município de Duas Estradas. Lá ficavam os
corpos dos brancos que morriam na batalha. Segundo relato da avó da Srª Josefa
Costa, eles enterravam os corpos no meio da mata e estendia as vestes nas
árvores a fim de identificar onde estava os corpos.
Sobre
os indígenas, vale ressalvar que ainda há descendente no município de
Sertãozinho, geralmente mulheres. Acredita-se que foram as que escaparam do
massacre. Segundo eles, seus avós e bisavós descendentes indígenas, os mesmos
foram pegos “a dente de cachorro” pelos brancos e trazido para serem
domesticados pelas famílias dos colonizadores já fixados na região deste
município. Essas índias capturadas ficavam sob domínio de um branco que acabava
juntando-se com ela ou casando-se.
Sobre
a presença dos índios nesta região apresentamos então relatos de descendentes
indígenas e fotos do mesmo, bem como uma pedra polida, utensílio indígena
encontrada no terreno da Senhora Josefa Costa Silva de Oliveira, no Sítio Lagoa
de Baixo município de Sertãozinho.
A mãe do Sr. José João da Silva, avô
da Srª Josefa Costa Silva de Oliveira, foi pega a dente de cachorro na região
de Tapicirica, denominada hoje de Capim de Mamanguape.
Início da Povoação de Sertãozinho
Sua
história começou na primeira metade do século XIX, sua emancipação
proporcionou-se no dia 29 de abril de 1994, sendo sua instalação em 01 de
janeiro de 1997. Na época da colonização, o Município estava diretamente
voltado para a família Costa, possuidora de vasta propriedade, onde existia
grande plantação de algodão, e que beneficiava as pessoas do povoado. Depois
apareceu uma fábrica, onde, ao seu redor, começava a construção de muitas casas
com a finalidade de abrigar muitos operários. Daí, futuramente formava-se um
núcleo populacional de considerável potencial.
Sabe-se
que a povoação do vilarejo de Cruz dos Ratos, surgiu nos anos idos de 1884 (Mil
Oitocentos, Oitenta e Quatro), com a vinda dos seus primeiros habitantes par
residirem nestas terras. A primeira casa a ser construída, foi a do Sr. João de
Freitas Mouzinho. A família Freitas, foi
a primeira a se instalar em Sertãozinho. Depois outras famílias foram se
aglomerando: A família de João Barbosa, a família de José Barbosa e a família
de Manoel Dias que, juntamente com a família de João de Freitas, registram como
os primeiros habitantes da sede do município. Destaca-se ainda, o Sr. Inácio de
Freitas, grande fazendeiro da época que além de bens materiais: Terra, gado,
possuía também 18 (Dezoito) escravos. Vale dizer que a família Freitas era
descendentes de Portugueses. Sobre estes escravos nada se tem escrito o que se
sabe segundo os moradores antigos é que existe uma família da união entre uma
das escravas com o Sr. Inácio de Freitas. Em Sertãozinho também temos muitos
descendentes de negros, mas nada escrito há sobre eles.
Segundo
alguns moradores antigos algumas dessas famílias, afrobrasileiros, a exemplo dos “Caquins”, como são conhecidos
popularmente, chegaram aqui em 1940, vindo de trem do município de Timbaúba-PE,
para residirem no topo de uma serra no Sítio Pedra D’ água, hoje pertencente a
Pirpirituba-PB.
Com
a Rede Ferroviária construída entre 1900 a 1902, que ligava Pernambuco ao Rio
Grande do Norte, passando por Sertãozinho, muito ajudou para o desenvolvimento
do então pequeno povoado. Deve-se a construção da Rede Ferroviária, ao Sr.
Odilon, engenheiro e fazendeiro, residente em Timbauba - PE.
Nomes Atribuídos
O
primeiro nome atribuído ao povoado, foi “CRUZ DOS RATOS”, denominação devida
aos caminhos encruzilhados que faziam para caçar, semelhantes a caminhos de
ratos. Outra versão, dada por um antigo morador, o Sr. Florêncio da Paz, é que
esse tem com os primeiros comerciantes, que vendiam seus produtos muito caro, e
ao inflacionar os compradores nos armazéns, os mesmos reagiam dizendo: “Vocês
são muito careiros, vocês são uns ratos”.
A Agave
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Pé de Agave - Foto: Cidade Jovem |
Uma
grande contribuição para o crescimento de Sertãozinho além do cultivo do
algodão e outros produtos, foi o agave.
Adroaldo
Guedes Alcoforado foi o primeiro agricultor a plantar neste município a Agave.
Este, conhecido popularmente por “Seu Dudu” é natural de Areia-PB, perdendo os
pais desde criança foi morar com seus parentes no município de Bananeiras-PB.
Mais tarde foi morar em Guarabira, onde adquiriu a propriedade da Fazenda
Guaraná localizada nos limites de Sertãozinho, pertencente hoje a
Pirpirituba-PB. Na sua fazenda cultivava cana-de-açúcar, mandioca, cereais e
algodão. Possuía um engenho, 150 cabeças de gado. Sua cachaça era uma das
melhores cotadas nas feiras da região.
Por
ser um homem muito culto, assinava algumas revistas e em uma delas recebeu a
notícia que uma planta chamada agave, com suas longas e fortes fibras, estava
fazendo a fortuna econômica no México. Desta planta o Sr. Diógenes Caldas,
grande propagandista agrícola e Diretor de Demonstração do Espírito Santo,
tinha uns viveiros cheios da tal planta e tentava introduzi-la na Paraíba. Seu
Dudu sabendo então da notícia.
Mas,
Sertãozinho não foi a primeira região a cultivar a agave. Em 1916 foram
distribuídas 103 mudas pelo Sr. Diógenes. Destas 11, couberam ao Sr. Aristildes
Carneiro de Moraes, proprietário da Fazenda Jatuarana, município de Caiçara. Em
1924, Adroaldo Guedes trouxe daquele sítio 7 mudas para plantar na sua fazenda.
Mas tarde comprou a então fazenda Jatuarana para seu primo Pedro Guedes e desta
vez Seu Dudu trouxe milhares de mudas da planta para sua fazenda Guaraná tendo
em vista que seu primo Pedro Guedes mandou arrancar toda plantação, alegando
que não queria em suas terras aquele tipo de gravatá.
Resolveu
então cultivar a agave e em 1930, já se desenvolvia o corte numa esteira de 21
mil pés. Com o fabrico manual de corda feita da fibra ganhou destaque diante da
corda feita pela caroá nas feiras da região.
Diante
da possibilidade de crescimento econômico, Seu Dudu das cordas como estava
sendo chamado, resolveu investi tudo que possuía no seu sonho de redenção
agrícola. Daí começou distribuir mudas de graça quem quisesse a tal ponto que
esta tal cultivo já era muito lucrativo no comércio local e de outros Estados
brasileiros a exemplo de Recife e Rio Grande do Norte.
A REDE FERROVIÁRIA
Um
outro fator que elevou o progresso do vilarejo foi a construção da rede
ferroviária, facilitando assim o acesso dos moradores da região as cidades ao
Sul: Guarabira, Sapé, Bayeux, Santa Rita, Cabedelo, Recife e ao Norte: Duas
Estradas, Caiçara e Nova Cruz.
A linha
que originalmente unia a estação de Brum, no Recife, a Pureza, próximo à divisa
entre Pernambuco e Paraíba, foi aberta de 1881 a 1883 pela Great Western do
Brasil, empresa inglesa que tinha a posse e a concessão da E. F. Recife ao
Limoeiro. Esta linha avançou até Pilar, na antiga E. F. Conde DEu, incorporada
à GW em 1901, onde sua linha, aberta em 1883, entre outros ramais, avançava até
Nova Cruz, já no Rio Grande do Norte e da E. F. Natal a Nova Cruz, que também
passou à GW, na mesma época. Para ligar estas duas últimas, a GW construiu em
1904 um trecho de 45 km, formando então o que veio a ser chamado de Linha
Norte. Quando ocorreu a venda da GW para a Rede Ferroviária do Nordeste, no
entanto, o trecho do RN já não mais pertencia à GW, mas foi incorporado à RFN,
e em 1957 tudo isso foi uma das formadoras da RFFSA. A linha está ativa até
hoje sob o controle da CFN, que obteve a concessão da malha Nordeste em 1996,
mas trens de passageiros não circulam mais por essa linha desde os anos 1980.
Depois disso ficou trafegando por esta linha, somente o trem de carga. Mas no
início dos anos 1990 deixou de trafegar, deixando assim desativada.
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A estação, provavelmente anos 1960. http://governojovemsertaozinho.blogspot.com |
A ESTAÇÃO
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A ESTAÇÃO: A estação
de Sertãozinho foi inaugurada em 1904. Era na época
uma pequena povoação à margem da linha férrea Guarabira-Nova Cruz.
Existe ali uma capela do Coração de Jesus, cuja imagem foi
oferta da esposa do engenheiro Bochum, que trabalhou na construção
da ferrovia. A estação era o local onde embarcavas e desembarcavas
os viajantes do trem de passageiros, chamado de “Bacurau”, porque
passava às 4h00min da madrugada vindo do Recife e só
retornava a tarde. Os viajantes que não moravam em Sertãozinho
deslocavam-se, a pé ou a cavalo, de
ACIMA: João Maria de Araújo ("Seu" Dão),
chefe de estação em Sertãozinho, posando no interior
desta, nos anos 1950 ou 60 (http://joseliocarneiro.blogspot.com).
suas localidades: Lagoa de Baixo, Guabiraba, São José,
Carapuça, Gravatá de Piabas, Mascate, Boa Ventura e outros sítios
até Sertãozinho. A estação foi oficialmente desativada em 9/7/1979
pela RFFSA e foi destruída na década de 1980 pelos próprios moradores
por entenderem que desativada não tinha nenhum valor para a cidade.
A estação de Sertãozinho era semelhante as estações do ramal,
ou seja, semelhante a estação de Duas Estradas e Caiçara,
que também foram desativadas no mesmo período. Foi graças a rede ferroviária
que Sertãozinho tinha a facilidade de exportar seus produtos
para as feiras das cidades circunvizinhas.
(Fontes: Jônatas Rodrigues, 05/2006; http://governojovemsertaozinho.blogspot.com;
http://joseliocarneiro.blogspot.com; Guias Levi, 1932-1984; Guia Geral
das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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Atualização:
29.05.2011 |
Formação Administrativa
Distrito
criado com a denominação de Sertãozinho, pela lei estadual nº 2642, de
20-12-1961, subordinado ao município de Duas Estradas.
Em divisão territorial datada de
31-XI-1963, o distrito de Sertãozinho, figura no município de Duas Estradas.
Assim
permanecendo em divisão territorial datada de 17-I-1991.
Elevado à categoria de município com a
denominação de Sertãozinho, pela lei estadual nº 5918, de 29-04-1994, alterada
lei estadual nº 6421, de 27-12-1996, desmembrado de Duas Estradas. Sede no
antigo distrito de Sertãozinho. Constituído do distrito sede. Instalado em
01-01-1997. Em divisão territorial datada de 2003, o município é constituído do
distrito sede.
Assim
permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Por Alexandre Oliveira