segunda-feira, 23 de abril de 2012

SERTÃOZINHO COMPLETARÁ18 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

Nestes 18 anos de emanciapação política de Sertãozinho você não pode ficar por fora da história de nossa cidade. O Cidade Jovem fez uma pesquisa e preparou a seguinte matéria para você. Boa leitura.

SERTÃOZINHO MINHA TERRA, MINHA HISTÓRIA

            Segundo os historiadores, a região que compreendia a Serra da Raiz é vinculado ao histórico episódio ocorrido na época da colonização da Paraíba no ano de 1574, denominada de Tragédia de Tracunhaém. Foi nessa região do município da Serra da Raiz que o índio Ininguaçu ou Ininguassu, teria arregimentado parte de sua tribo em busca de sua filha Iratembé, capturada por um mameluco que transitava na região da Serra da Copaoba. Os índios que eram da nação indígena dos potiguaras foram em direção ao engenho Tracunhaém do proprietário Diogo Dias, na região que atualmente compreende a cidade pernambucana Goiânia, e lá teria ocorrido um grande massacre contra os moradores que viviam no engenho. Porém, logo após essa tragédia os colonizadores portugueses junto aos índios Tabajaras revidaram atacando assim os índios do então aldeamento da Copaoba, região que hoje compreende os municípios de Serra da Raiz, Belém, Caiçara, Duas Estradas e Sertãozinho. Esse massacre levou a morte de cerca de 20 mil índios. Para os historiadores a morte destes índios tem mais relação com a epidemia da varíola contraída dos brancos colonizadores que estavam no bando e os índios tinham o hábito de matar e cortar a cabeça das vítimas, por isso contaminava-se e por não ter defesa orgânica da doença, acabavam morrendo também. Logo o resultado da vitória dos colonizadores não foi somente pela luta sangrenta, mas pela morte de milhares de índios contaminados pela bexiga. Uma dessas batalhas aconteceu no Sítio Lagoa da Mata, município de Duas Estradas. Lá ficavam os corpos dos brancos que morriam na batalha. Segundo relato da avó da Srª Josefa Costa, eles enterravam os corpos no meio da mata e estendia as vestes nas árvores a fim de identificar onde estava os corpos.
            Sobre os indígenas, vale ressalvar que ainda há descendente no município de Sertãozinho, geralmente mulheres. Acredita-se que foram as que escaparam do massacre. Segundo eles, seus avós e bisavós descendentes indígenas, os mesmos foram pegos “a dente de cachorro” pelos brancos e trazido para serem domesticados pelas famílias dos colonizadores já fixados na região deste município. Essas índias capturadas ficavam sob domínio de um branco que acabava juntando-se com ela ou casando-se.
            Sobre a presença dos índios nesta região apresentamos então relatos de descendentes indígenas e fotos do mesmo, bem como uma pedra polida, utensílio indígena encontrada no terreno da Senhora Josefa Costa Silva de Oliveira, no Sítio Lagoa de Baixo município de Sertãozinho.

A mãe do Sr. José João da Silva, avô da Srª Josefa Costa Silva de Oliveira, foi pega a dente de cachorro na região de Tapicirica, denominada hoje de Capim de Mamanguape.

Início da Povoação de Sertãozinho

         Sua história começou na primeira metade do século XIX, sua emancipação proporcionou-se no dia 29 de abril de 1994, sendo sua instalação em 01 de janeiro de 1997. Na época da colonização, o Município estava diretamente voltado para a família Costa, possuidora de vasta propriedade, onde existia grande plantação de algodão, e que beneficiava as pessoas do povoado. Depois apareceu uma fábrica, onde, ao seu redor, começava a construção de muitas casas com a finalidade de abrigar muitos operários. Daí, futuramente formava-se um núcleo populacional de considerável potencial.
            Sabe-se que a povoação do vilarejo de Cruz dos Ratos, surgiu nos anos idos de 1884 (Mil Oitocentos, Oitenta e Quatro), com a vinda dos seus primeiros habitantes par residirem nestas terras. A primeira casa a ser construída, foi a do Sr. João de Freitas Mouzinho.  A família Freitas, foi a primeira a se instalar em Sertãozinho. Depois outras famílias foram se aglomerando: A família de João Barbosa, a família de José Barbosa e a família de Manoel Dias que, juntamente com a família de João de Freitas, registram como os primeiros habitantes da sede do município. Destaca-se ainda, o Sr. Inácio de Freitas, grande fazendeiro da época que além de bens materiais: Terra, gado, possuía também 18 (Dezoito) escravos. Vale dizer que a família Freitas era descendentes de Portugueses. Sobre estes escravos nada se tem escrito o que se sabe segundo os moradores antigos é que existe uma família da união entre uma das escravas com o Sr. Inácio de Freitas. Em Sertãozinho também temos muitos descendentes de negros, mas nada escrito há sobre eles.
            Segundo alguns moradores antigos algumas dessas famílias, afrobrasileiros,  a exemplo dos “Caquins”, como são conhecidos popularmente, chegaram aqui em 1940, vindo de trem do município de Timbaúba-PE, para residirem no topo de uma serra no Sítio Pedra D’ água, hoje pertencente a Pirpirituba-PB.
            Com a Rede Ferroviária construída entre 1900 a 1902, que ligava Pernambuco ao Rio Grande do Norte, passando por Sertãozinho, muito ajudou para o desenvolvimento do então pequeno povoado. Deve-se a construção da Rede Ferroviária, ao Sr. Odilon, engenheiro e fazendeiro, residente em Timbauba - PE.

Nomes Atribuídos

            O primeiro nome atribuído ao povoado, foi “CRUZ DOS RATOS”, denominação devida aos caminhos encruzilhados que faziam para caçar, semelhantes a caminhos de ratos. Outra versão, dada por um antigo morador, o Sr. Florêncio da Paz, é que esse tem com os primeiros comerciantes, que vendiam seus produtos muito caro, e ao inflacionar os compradores nos armazéns, os mesmos reagiam dizendo: “Vocês são muito careiros, vocês são uns ratos”.

A Agave

Pé de Agave - Foto: Cidade Jovem
            Uma grande contribuição para o crescimento de Sertãozinho além do cultivo do algodão e outros produtos, foi o agave.
            Adroaldo Guedes Alcoforado foi o primeiro agricultor a plantar neste município a Agave. Este, conhecido popularmente por “Seu Dudu” é natural de Areia-PB, perdendo os pais desde criança foi morar com seus parentes no município de Bananeiras-PB. Mais tarde foi morar em Guarabira, onde adquiriu a propriedade da Fazenda Guaraná localizada nos limites de Sertãozinho, pertencente hoje a Pirpirituba-PB. Na sua fazenda cultivava cana-de-açúcar, mandioca, cereais e algodão. Possuía um engenho, 150 cabeças de gado. Sua cachaça era uma das melhores cotadas nas feiras da região.
            Por ser um homem muito culto, assinava algumas revistas e em uma delas recebeu a notícia que uma planta chamada agave, com suas longas e fortes fibras, estava fazendo a fortuna econômica no México. Desta planta o Sr. Diógenes Caldas, grande propagandista agrícola e Diretor de Demonstração do Espírito Santo, tinha uns viveiros cheios da tal planta e tentava introduzi-la na Paraíba. Seu Dudu sabendo então da notícia.
            Mas, Sertãozinho não foi a primeira região a cultivar a agave. Em 1916 foram distribuídas 103 mudas pelo Sr. Diógenes. Destas 11, couberam ao Sr. Aristildes Carneiro de Moraes, proprietário da Fazenda Jatuarana, município de Caiçara. Em 1924, Adroaldo Guedes trouxe daquele sítio 7 mudas para plantar na sua fazenda. Mas tarde comprou a então fazenda Jatuarana para seu primo Pedro Guedes e desta vez Seu Dudu trouxe milhares de mudas da planta para sua fazenda Guaraná tendo em vista que seu primo Pedro Guedes mandou arrancar toda plantação, alegando que não queria em suas terras aquele tipo de gravatá.
            Resolveu então cultivar a agave e em 1930, já se desenvolvia o corte numa esteira de 21 mil pés. Com o fabrico manual de corda feita da fibra ganhou destaque diante da corda feita pela caroá nas feiras da região.
            Diante da possibilidade de crescimento econômico, Seu Dudu das cordas como estava sendo chamado, resolveu investi tudo que possuía no seu sonho de redenção agrícola. Daí começou distribuir mudas de graça quem quisesse a tal ponto que esta tal cultivo já era muito lucrativo no comércio local e de outros Estados brasileiros a exemplo de Recife e Rio Grande do Norte.

A REDE FERROVIÁRIA

            Um outro fator que elevou o progresso do vilarejo foi a construção da rede ferroviária, facilitando assim o acesso dos moradores da região as cidades ao Sul: Guarabira, Sapé, Bayeux, Santa Rita, Cabedelo, Recife e ao Norte: Duas Estradas, Caiçara e Nova Cruz.
            A linha que originalmente unia a estação de Brum, no Recife, a Pureza, próximo à divisa entre Pernambuco e Paraíba, foi aberta de 1881 a 1883 pela Great Western do Brasil, empresa inglesa que tinha a posse e a concessão da E. F. Recife ao Limoeiro. Esta linha avançou até Pilar, na antiga E. F. Conde DEu, incorporada à GW em 1901, onde sua linha, aberta em 1883, entre outros ramais, avançava até Nova Cruz, já no Rio Grande do Norte e da E. F. Natal a Nova Cruz, que também passou à GW, na mesma época. Para ligar estas duas últimas, a GW construiu em 1904 um trecho de 45 km, formando então o que veio a ser chamado de Linha Norte. Quando ocorreu a venda da GW para a Rede Ferroviária do Nordeste, no entanto, o trecho do RN já não mais pertencia à GW, mas foi incorporado à RFN, e em 1957 tudo isso foi uma das formadoras da RFFSA. A linha está ativa até hoje sob o controle da CFN, que obteve a concessão da malha Nordeste em 1996, mas trens de passageiros não circulam mais por essa linha desde os anos 1980. Depois disso ficou trafegando por esta linha, somente o trem de carga. Mas no início dos anos 1990 deixou de trafegar, deixando assim desativada.
A estação, provavelmente anos 1960. http://governojovemsertaozinho.blogspot.com
 
 
A ESTAÇÃO 


A ESTAÇÃO: A estação de Sertãozinho foi inaugurada em 1904. Era na época uma pequena povoação à margem da linha férrea Guarabira-Nova Cruz. Existe ali uma capela do Coração de Jesus, cuja imagem foi oferta da esposa do engenheiro Bochum, que trabalhou na construção da ferrovia. A estação era o local onde embarcavas e desembarcavas os viajantes do trem de passageiros, chamado de “Bacurau”, porque passava às 4h00min da madrugada vindo do Recife e só retornava a tarde. Os viajantes que não moravam em Sertãozinho deslocavam-se, a pé ou a cavalo, de

ACIMA: João Maria de Araújo ("Seu" Dão), chefe de estação em Sertãozinho, posando no interior desta, nos anos 1950 ou 60 (http://joseliocarneiro.blogspot.com).
suas localidades: Lagoa de Baixo, Guabiraba, São José, Carapuça, Gravatá de Piabas, Mascate, Boa Ventura e outros sítios até Sertãozinho. A estação foi oficialmente desativada em 9/7/1979 pela RFFSA e foi destruída na década de 1980 pelos próprios moradores por entenderem que desativada não tinha nenhum valor para a cidade. A estação de Sertãozinho era semelhante as estações do ramal, ou seja, semelhante a estação de Duas Estradas e Caiçara, que também foram desativadas no mesmo período. Foi graças a rede ferroviária que Sertãozinho tinha a facilidade de exportar seus produtos para as feiras das cidades circunvizinhas.
(Fontes: Jônatas Rodrigues, 05/2006; http://governojovemsertaozinho.blogspot.com; http://joseliocarneiro.blogspot.com; Guias Levi, 1932-1984; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     



   
Atualização: 29.05.2011

           
Formação Administrativa

            Distrito criado com a denominação de Sertãozinho, pela lei estadual nº 2642, de 20-12-1961, subordinado ao município de Duas Estradas.
Em divisão territorial datada de 31-XI-1963, o distrito de Sertãozinho, figura no município de Duas Estradas.
            Assim permanecendo em divisão territorial datada de 17-I-1991.
Elevado à categoria de município com a denominação de Sertãozinho, pela lei estadual nº 5918, de 29-04-1994, alterada lei estadual nº 6421, de 27-12-1996, desmembrado de Duas Estradas. Sede no antigo distrito de Sertãozinho. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1997. Em divisão territorial datada de 2003, o município é constituído do distrito sede.
          Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

Por Alexandre Oliveira

3 comentários:

Anônimo disse...

PARABÉNS SERTÃOZINHO

Roberto Lúcio disse...

Magnífica a importância da cidade de Sertãozinho, onde circulavam as principais rotas do comércio ferroviário de uma época, interligando dois estados, PE/RN e vários povoados que ali se desenvolveram.

Roberto Lúcio disse...

Deveria haver um projeto de um museu que envolvesse a história da ferrovia, da rota comercial e a importância da cidade nesse período histórico. Parabéns aos Sertãozinhenses.